História de Cuba

Cuba é um nome de origem aborígene, mas os espanhóis também a chamaram assim desde os primeiros anos da conquista. Cuba também foi batizada de Juana - por Cristóvão Colombo, em homenagem ao príncipe Don Juan, filho dos reis católicos Fernando e Isabel, que morreu cinco anos depois - e Fernandina - pelo colonizador Diego Velázquez, em 1515.

Os primeiros habitantes

Três tribos ameríndias: os guanahatabeys, os taínos e os subtaínos, já habitavam a ilha mais de 600 anos antes dos colonizadores espanhóis chegarem à Cuba. Os primeiros, que ocupavam a parte mais ocidental da ilha, eram ligados às tribos maias da península de Yucatán.

Já o segundo grupo, os taínos, era mais numeroso e ocupava grande parte do território. Eram descendentes dos araucanos e migraram do noroeste da América do Sul. Vivam em aldeias, eram agricultores e tinham religião própria.

Os subtaínos ocupavam algumas regiões costeiras e ainda não se sabe ao certo a sua origem: pântanos da Flórida, bacia do Mississipi ou Yucatán. Viviam da caça e da pesca e moravam em cavernas. Os taínos e os subtaínos eram povos pacíficos.

A descoberta

No final do século XV, a coroa espanhola iniciou sua expansão marítima e comercial. Nessa época, Portugal havia estabelecido pontos de ocupação no litoral africano do Atlântico para impedir que outros países usassem essa rota para chegar às Índias. Por isso, a Espanha foi obrigada a realizar expedições que, utilizando o Atlântico Norte, navegassem pelo ocidente para chegar ao oriente.

Foi com essas restrições que uma frota comandada pelo genovês Cristóvão Colombo partiu do porto de Palos, em abril de 1492, com a missão de chegar a Catai (China setentrional) e a Cipango (nome dado por Marco Polo ao Japão). Sua frota era composta pelas caravelas Santa Maria, Pinta e Niña.

Antes de partir, Colombo assinara um documento, chamado Capitulações da Santa Fé, no qual os reis católicos Fernando de Aragão e Isabel de Castela concediam a ele os títulos e cargos de almirante, vice-Rei, governador e capitão-geral de todas as terras que descobrisse ou que viessem a descobrir sob o seu comando.

O navegador receberia também o dízimo das riquezas encontradas nas terras sob sua jurisdição e participação nos lucros do comércio dos produtos exportados. Tantas concessões evidenciam que os reis católicos não acreditavam que o genovês fosse descobrir o novo continente.

Dois meses após a partida, os espanhóis chegaram a uma ilha chamada pelos indígenas de Guaanani, batizada por Colombo de São Salvador. O navegador pensava estar próximo ao continente asiático, mas a ilha pertence ao Arquipélago das Baamas. Como acreditavam estar perto do seu destino os navegadores prosseguiram a viagem e assim descobriram novas ilhas: Santa Maria de La Concepción, Isabela e Juana.

Colonização

A exploração de Cuba não se deu de forma imediata. Na época da descoberta, os colonizadores estavam em busca de riquezas do subsolo, principalmente o ouro e a prata, materiais que não eram abundantes na ilha. Então, nos primeiros 17 anos, os espanhóis preferiram conquistar a República Dominicana, Porto Rico e México.

Em 1509, movidos pelo interesse na produção de produtos tropicais, os colonizadores decidiram povoar e explorar a ilha de forma sistemática. O conquistador Diego Velázquez foi designado para a tarefa. De início cultivava-se produtos de consumo interno.

Nos primeiros anos, a mão de obra das plantações era nativa. Além de trabalhar no cultivo do açúcar os índios também trabalhavam na busca de ouro aluvião.

A presença dos espanhóis da ilha trouxe conseqüências desastrosas para a população indígena. A escravatura, as doenças introduzidas pelos brancos, as perseguições e o genocídio dizimaram a população nativa. A coroa orientara os conquistadores a impor o cristianismo aos nativos. Estes praticavam ritos pagãos e cultuavam as forças da natureza.

Os nativos da ilha contavam com a ajuda do frei Bartolomé de las Casas, que exigia médodos de conversão menos violentos e mais humanísticos. O líder indígena de maior destaque nesse período foi o cacique Guamá.

Entre 1513 e 1515 foram fundadas, pelo então interventor e governador Diego Velázquez, as sete vilas cubanas: La Habana, Trinidad, Baracoa, Santiago de Cuba, Bayamo, Camagüey (Puerto Príncipe) e Sancti Spiritus. Estas vilas ficavam próximas ao litoral e ao longo da ilha.

A introdução da escravidão como força de trabalho foi conseqüência do aumento da produção de produtos primários para a metrópole no século XVII. Como a taxa de natalidade dos índios não era suficiente para suprir a necessidade de mão-de-obra, a coroa espanhola adotou o tráfico negreiro.

O açúcar foi, durante muitos anos, o principal produto produzido em Cuba. Os proprietários das plantações de cana enriqueciam não só com o produto como também com o tráfico negreiro. Cuba é, ainda hoje, o maior produtor de açúcar do mundo. O aumento pela demanda do produto foi conseqüência da incapacidade dos produtores antigos - Oriente Médio, Norte da África, Sicília e Ilhas Canárias - de suprir a demanda crescente.

No século XVIII La Habana era cobiçada pela Inglaterra, Holanda e França, que queriam controlar o comércio no mar do Caribe. Em 1762 a cidade foi ocupada pelo almirante Lord Rodney. Esta ocupação durou menos de um ano. Cuba foi devolvida à Espanha em troca de outros territórios no Caribe.

O tabaco era produzido em pequenas propriedades de menos de cinco hectares chamadas vegas. Seus consumidores eram os criollos, que haviam adquirido este hábito com os indígenas. O consumo do produto aumentou depois de 1670, quando foi introduzido na cultura européia.

Já o café e o cacau começaram a apresentar lucro nas últimas décadas do século XVIII, quando a Espanha concedeu liberdade de comércio à Cuba. Com a independência dos Estados Unidos, em 1776, o comércio entre o país norte-americano e o Caribe aumentou, principalmente, por causa do interesse dos EUA no açúcar produzido pela ilha. A produção das lavouras cresceu muito neste período e, consequentemente, o tráfico negreiro aumentou.

Cerca de 30 mil cultivadores franceses chegaram à ilha, fugidos da revolta de escravos de Toussaint l’Ouverture, no Haiti, no final do século XIX. Em 1790, o açúcar consolidou-se como o principal produto de exportação da ilha.

Os grupos étnicos que se destacavam na sociedade cubana desta época eram, basicamente: os negros, os criollos (mistura de negros, índios e brancos) e os brancos.

Fora os latifundiários, existia um contingente formado por espanhóis pobres. Estes eram livres mas estavam à margem da economia por não terem terras. Formavam um grupo descontente que, ao contrário dos negros, tinha poder de mobilização.

As guerras pela independência

O liberalismo e as guerras de independência do final do século XIX produziram em Cuba um forte sentimento de nacionalismo. O clima em relação à Espanha era de desconforto: a ilha já estava povoada e seus moradores haviam formado uma identidade nacional.

Nessa mesma época, os ingleses - interessados em aumentar o mercado consumidor para seus produtos industrializados - empreenderam uma forte campanha contra o tráfico negreiro. Este foi outro fator que impulsionou a luta.

Cuba empreendeu três guerras até conseguir sua independência. A primeira durou dez anos, de 1868 a 1878. O fazendeiro Manuel de Céspedes libertou seus escravos e armou-os para lutar, junto aos cubanos brancos, contra o domínio espanhol.

A revolta armada partiu da fazenda de Céspedes, La Demajagua, em 10 de outubro de 1868, em direção à região central da ilha. Os líderes desta primeira fase foram Antonio Maceo, seu irmão José Maceo e o general Máximo Gomes.

A revolta não chegou a abalar as zonas de estocamento do açúcar - Matanzas e La Habana. Duzentos e cinqüenta mil cubanos e oitenta mil soldados espanhóis morreram nos conflitos.

Muitos norteamericanos começaram a comprar terras em Cuba neste período movidos pela possibilidade de lucro fácil. Isso acarretou a ida de muitos políticos para a ilha. Eles tinham o apoio da classe açucareira pois seu país representava quase a metade do mercado consumidor internacional.

A segunda etapa da guerra, iniciada em 1895, foi liderada por José Martí, Antônio Maceu e Calixto García. A luta ganhou força e fez com que os espanhóis buscassem soluções conciliatórias. Em fevereiro de 1878 foi assinado pelos revoltosos e pelas autoridades coloniais o Pacto de Zangón. O documento previa maior liberdade nas atividades comerciais em relação à Espanha e a abolição da escravatura.

As decisões do acordo não foram cumpridas e o processo reformista ganhou força mais uma vez. José Martí encarregou-se de reagrupar os revoltosos. Os escravos libertos não conseguiam emprego e contribuíam para aumentar o ambiente de insurreição.

A luta armada era coordenada por Máximo Gomes e Antônio Maceu. Os combates eram muito violentos. José Martí morreu lutando em 1895. O levante prosseguiu mesmo sem seu mentor intelectual. Maceo também morreu em combate em dezembro de 1896.

Os espanhóis, para acabar com os levantes, enviaram a Cuba o interventor Valeriano Weyler no final do século XIX. Este obrigou os camponeses revoltosos a produzir em fazendas controladas pelo exército colonialista. Esta medida abalou profundamente a economia da ilha e fez com que o ritmo da produção diminuísse.

Em 1898 os espanhóis estavam com o seu domínio em Cuba fortemente abalado. William Randolph Hearst, magnata da imprensa americana, estimulou a animosidade dos americanos contra os espanhóis. Como sinal do apoio norteamericano aos revoltosos foi enviado, em fevereiro de 1898, o encouraçado USS Maine.

O navio explodiu misteriosamente no porto de La Habana. Muitos tripulantes morreram. Era o pretexto para os EUA entrar na guerra: acabar com o levante, restaurar a democracia e impulsionar a economia. O responsável pela explosão nunca foi encontrado mas, na época, os espanhóis atribuíram aos americanos.

A dominação norte-americana

A rendição da Espanha ocorreu dia 1º de maio de 1898. Os EUA passaram a decidir a respeito do gabinete de governo de Cuba. O general John Brooke foi o primeiro interventor norteamericano na ilha, em 1º de janeiro de 1899. Depois dele, o também general, Leonard Wood ocupou o cargo.

Em 1901 foi regulamentada a Emenda Platt. Esta emenda atestava que, formalmente, Cuba era livre, mas que os EUA tinham o direito de intervir na ilha (o que ocorreu de 1906 a 1917 e em 1933 até a sua revogação, em 1934).

Estrada Palma foi o primeiro presidente de Cuba. Durante a Primeira Guerra Mundial, devido a falta do açúcar de beterraba na Europa, o preço do açúcar cubano disparou no mercado internacional.

Cuba viveu uma fase de prosperidade que ficou conhecida com "A Dança dos Milhões". O acordo de "reciprocidade comercial" - que facilitava o comércio com os EUA - fortaleceu a economia da ilha, embora não tenha melhorado a situação das classes mais pobres.

Os governos de Cuba durante a Primeira Guerra Mundial estavam associados à economia açucareira. As dificuldades econômicas da década de 20 - relacionadas à reconstrução dos países após a guerra - refletiram na ilha, causando desemprego.

Em 1925, Julio Antonio Mella fundou o primeiro Partido Comunista de Cuba, inspirado na revolução bolchevique de outubro de 1917, na Rússia. Neste mesmo ano, Gerardo Machado foi eleito presidente de Cuba. Logo depois, alterou a Constituição para prorrogar o seu mandato.

Tanto os latifundiários quanto a oposição estavam descontentes com o governo. Em 1933 o alto comando do exército, que durante todo o governo de Machado o apoiara, exigiu sua renúncia.

Com a renúncia de Machado, formou-se um governo provisório que foi deposto pelo exército ainda em 1933. Foi instituída a "pentarquia" - gabinete composto por cinco membros com responsabilidades em diferentes setores da política e economia.

A "pentarquia" foi dissolvida em setembro e Ramón Grau San Martín tornou-se presidente, renunciando em 1934. Entre este ano e 1937 foram empossados outros presidentes, mas todos foram destituídos pelo exército, sob o comando de Fulgêncio Batista.

Uma série de governos conservadores renovaram-se no poder após a segunda Guerra Mundial: Fulgêncio Batista, de 1940 a 1944; Ramón Grau San Martín, de 1944 a 1948, e Carlos Prío, de 1948 a 1952.

Neste período muitos americanos foram para Cuba movidos pelo interesse nas diversões da ilha: cassinos, mulheres bonitas, praias. Os crimes e o tráfico aumentaram.

Em 1952 Fulgêncio Batista liderou um golpe de estado baseado na desconfiança de que a oposição estaria organizando-se para tomar o poder. Seu governo, que durou até 1959, foi marcado pela repressão. Os partidos de oposição foram declarados ilegais.

A Revolução de 1959

A tomada do Quartel de Moncada, Santiago de Cuba, em julho de 1953, foi o primeiro ato de grande expressão contra a ditadura de Batista. Liderado pelo irmãos Castro, Fidel e Raúl, o ataque fracassou e muitos dos revoltosos foram torturados e mortos.

O advogado Fidel Castro e outros revoltosos foram presos e depois exilados no México. O governo de Batista continuou a apoiar a economia açucareira e abriu espaço para as pequenas propriedades.

O grupo de rebeldes exilados planejava a sua volta na clandestinidade. Adotaram o mesmo princípio da primeira luta pela independência (1868-78): tomar o país "do oriente ao ocidente". Apoiados pelo Partido Ortodoxo e por grupos populares, desembacaram no Iate Granma, em 2 de dezembro de 1956, em Las Coloradas, uma região pouco povoada.

Fazia parte do grupo o médico argentino Ernesto Che Guevara. Os rebeldes estavam divididos em dois grupos, comandados por Che Guevara e Camilo Cienfuegos. Através da cadeia de montanhas Sierra Maestra, o grupo avançou até chegar em La Habana.

Auxiliados pela Rádio Rebelde, o grupo avançava para o oeste tomando vilas e cidades, convencendo a população a mobilizar-se contra o governo. O fato que ficou conhecido como o "marco da vitória" foi a tomada da cidade de Santa Clara pelo grupo comandado por Guevara, ocasionando a renúncia de Fulgêncio Batista.

O Governo de Fidel Castro

O primeiro discurso de Fidel Castro como chefe da nação foi em 1º de janeiro de 1959. Dias depois, Fidel tornou-se primeiro ministro, Raúl Castro chefe das Forças Armadas e Che Guevara ministro da Indústria.

Uma das primeiras medidas do novo governo foi a reforma agrária emergencial (depois foi realizada uma outra reforma). Muitas pessoas haviam apoiado os revoltosos acreditando nesta proposta. Com a expropriação de terras e bens de norteamericanos, os EUA, em retaliação, decretaram embargo comercial.

Progressivamente - inspirado no socialismo real soviético - toda e qualquer propriedade privada foi abolida. A nacionalização de propriedades e empresas cubanas, em 1960, levou os Estados Unidos a retirar sua representação diplomática da ilha.

Em 1961, um grupo de 1500 mercenários treinados pela CIA (agência de inteligência norteamericana) tentaram invadir a Baía dos Porcos, em Playa Girón, mas foram derrotados. O levante teve a iniciativa de cubanos auto-exilados em Miami.

Os participantes da invasão foram presos, feitos reféns e, posteriormente, trocados por remédios. A vitória reforçou a posição de Fidel Castro como chefe de estado. Foi anunciada a adoção de uma política marxista-leninista em Cuba.

Posteriormente, Fidel Castro solicitou ajuda à URSS tendo como justificativa as dificuldades impostas pelo embargo norteamericano. Cuba permitiu e incentivou a instalação de armamento soviético com ogivas nucleares em seu território, o que gerou a "Crise dos Mísseis" de 1962.

O impasse levou o presidente americano, John Kennedy e o líder soviético, Nikita Kruschev, a encontrarem-se para resolver a questão em plena Guerra Fria. Os soviéticos retiraram o armamento mas continuaram a apoiar o governo de Fidel Castro, fornecendo petróleo barato em troca de açúcar. Esta troca era extremamente vantajosa em ternos econômicos para Cuba.

O Partido Comunista de Cuba foi criado em 1968. Neste período, os países de orientação socialista aproximaram-se.

A população cubana desfrutou de saúde e educação gratuitos para todos na década de 70. Em 1980, 120 mil cubanos saíram do país para os Estados Unidos descontentes com a política de Fidel Castro.

A crise da URSS e a aproximação desta com os EUA, nos anos 80, fizeram com que diminuísse a ajuda financeira da URSS à ilha. A diminuição da tensão entre os blocos capitalista e socialista enfraqueceu a posição de Cuba como ponto estratégico entre as Américas.

O país começou a enfrentar o racionamento como consequência da diminuição da ajuda financeira. Fidel Castro estabeleceu o "Período Especial em Tempo de Paz", em 1990, após a dissolução da URSS - um plano de sobrevivência que se mantém até hoje.

Uma das principais medidas foi o racionamento de petróleo. Os vistos concedidos pelos Estados Unidos aos cubanos foram reduzidos, o que ocasionou, em 1994, a tentativa de fuga de cerca de 40 mil cubanos em direção à Flórida.

O embargo à ilha tornou-se mais radical em 1992, quando os Estados Unidos aprovaram a Emenda Torricelli. Em 1996, MIGs cubanos derrubaram dois aviões civis que protestavam na fronteira do espaço aéreo da ilha.

O governo americano reagiu sancionando a Lei Helms-Burton, que impõe sanções a países que comercializarem ou investirem na ilha. A União Européia, o México e o Canadá protestaram contra a medida.

O papa João Paulo II visitou a ilha em 1992. Na ocasião histórica, o papa rezou quatro missas - com a participação ativa da população - nas quais falou de temas políticos. O líder dos católicos criticou o embargo econômico, elogiou os indicadores sociais da ilha e pediu liberdade política.

Como resposta, Fidel Castro libertou 300 presos políticos. Em 1998 começa a diminuir o isolamento político do país: os EUA restabelecem vôos entre Miami e Havana e autorizam a remessa de até 1,2 mil dólares anuais de cada cubano residente nos Estados Unidos.

Em 1999 são autorizados vôos de outras cidades norteamericanas para a ilha. Em junho de 2000, depois de meses de obstrução, o governo dos EUA aprova a lei que libera a venda de alimentos e remédios do país para Cuba.

Três senadores norteamericanos reuniram-se com Fidel Castro em Cuba. Na volta aos Estados Unidos defenderam o levantamento total do embargo ao país.

Os dias de hoje

Após a morte de Fidel Castro, em 2016, seu irmão Raúl Castro assumiu o governo de Cuba.

Em 2014, Raúl Castro - então presidente do Conselho de Estado - e o presidente americano Barack Obama anunciaram a retomada das relações entre Cuba e Estados Unidos, após 53 anos de afastamento.

Quando se iniciou o processo de aproximação, em 2014, os laços diplomáticos entre os dois países estavam rompidos desde a década de 1960. Uma série de conversas secretas foram realizadas durante um ano e meio, quando Barack Obama e Raúl Castro anunciaram o restabelecimento das relações, simbolizado pela libertação de presos. O prisioneiro americano Alan Gross voltou para os Estados Unidos e, em troca, três agentes de inteligência cubanos, Luis Medina, Gerardo Hernandez e Antonio Guerrero, voltaram à ilha.

Os 18 meses de negociações secretas tiveram um apoiador de peso e fama: o Papa Francisco. Junto com o governo canadense, ele ajudou a promover a reaproximação enviando cartas aos presidentes dos dois países encorajando a reabertura das relações. Barack Obama e Raúl Castro agradeceram e exaltaram o papel fundamental do Papa Francisco.

Mas foi na VII Cúpula das Américas, no Panamá, em abril de 2015, que Obama e Castro tiveram o seu primeiro encontro formal. Os presidentes dos Estados Unidos e de Cuba se cumprimentaram em evento oficial pela primeira vez em mais de 50 anos. A última havia sido em 1958, quando o americano Dwight Eisenhower e o cubano Fulgencio Batista se reuniram, também no Panamá. Desde então, Fidel Castro assumiu o poder da ilha, em 1960, e depois houve a fracassada invasão à Baía dos Porcos, a crise dos mísseis, o embargo americano e décadas de relacionamento hostil entre os países. Até o Muro de Berlim caiu – em 1989 – antes de Barack Obama declarar, na Cúpula das Américas, o fim de qualquer resquício existente da Guerra Fria.

Três meses depois, um novo marco histórico. Os dois países reabriram as suas embaixadas como resultado de mais de seis meses de negociações para o restabelecimento das relações.

A embaixada cubana foi reaberta em Washington no dia 20 de julho de 2015, em solenidade que contou com o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, com hasteamento da bandeira cubana.

Apesar de também ter sido reaberta no mesmo dia, a cerimônia de hasteamento da bandeira americana em Havana foi feita no dia 14 de agosto, sob o comando do secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry. Também participaram do evento três fuzileiros navais aposentados: Larry Morris, Francis East e Jim Tracy, que desceram a bandeira americana em 1961, quando as relações diplomáticas foram cortadas. 

O então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, esteve em Cuba em 2016, em visita que teve o objetivo de consolidar as relações com Raúl Castro e se aproximar do povo cubano. A última vez que um presidente americano havia pisado em solo cubano tinha sido em janeiro de 1928.

Obama recebeu dissidentes cubanos, assistiu a uma partida de beisebol, visitou o centro histórico, encontrou-se com Raúl Castro no Palácio da Revolução e discursou no Gran Teatro de Havana.

Com transmissão em cadeia nacional, Obama defendeu a luta pelas liberdades políticas, de expressão e de religião. Também sugeriu reformas econômicas e políticas na ilha caribenha, defendeu a democracia e foi muito aplaudido quando pediu que o congresso americano desse fim ao embargo econômico imposto a Cuba.

Infelizmente as negociações não foram adiante. No governo seguinte, de Donald Trump, foram editadas 276 medidas contra Cuba. Com o atual governo de Joe Biden, até este momento - agosto 2021- as medidas editadas por Trump ainda não foram revogadas.

Desde 2018, o engenheiro e professor Miguel Díaz-Canel é presidente de Cuba.

Em 2021, o Partido Comunista de Cuba confirmou o nome de Miguel Díaz-Canel para o cargo de Primeiro Secretário, após 62 anos da Ilha governada pela família Castro.